E eis que a batata já fora plantada pelos índios Cariris... Há mais de 200 anos José Rodrigues lavrou a terra e o broto surgiu. Sempre bem regado pelo rio Ipojuca nossa arvorezinha solta a primeira flor para enfeitar o jarro da pequena capela de taipa dedicada a Nossa Senhora da Conceição. Surgem os primeiros galhos para sombrear os tropeiros que amenamente descansavam das léguas intermináveis entre o sertão e a capital e ali também comercializavam com os feirantes nativos. Antes de engrossar o caule assiste imóvel a morte de seu lavrador, mas continua expandindo suas raízes aos quatro cantos e, a cada muda, vai se tornando mais imponente.
A localização geográfica privilegiada pela caatinga e alimentada pelas águas abundantes dos brejos de altitude seu lado sul, engrossaram o tronco dessa que agora ocupa o lugar de árvore Princesa do agreste. As raízes profundas buscam suprimentos no lado oeste, encontrando húmus e barro para produzir os mais doces frutos, frutos nobres, frutos vitalinos...
Árvore que testemunha o nascimento de uma vila nova para criar o Ivanildo repentista, que foi um porto seguro para o Altair, que deixou o vento levar suas sementes para Barbosa curtir seus prazeres cênicos em terras fluminenses, onde também tornou-se taludo o José que conde foi ou conde é. Oh, árvore, feita para amar o Matias, mesmo sendo nativo da mata sul, Matias que criou nossa flâmula com torres, quem sabe para lembrar o Luiz, grande mestre, ao verde aveloz, que velozmente povoou os campos de Geminiano, o triângulo azul será quefaz uma alusão ao Azulão? E quem sabe o branco não seja Álvaro por acaso. Escalando galhos mais altos observo que madeira de lei foi retirada para o Joel construir pontes para levar seu talento para os Estados Unidos, mas percebo que não foi podada por um machadinho, aliás, José Florêncio fez florir o hino, musicado pela lira de Fernando.
Nossa árvore quando centenária, possuía mais de cem mil frutos, hoje continua produzindo em alta escala, nesse período, na pessoa de Luiz a educação cresceu, Macdovel não precisou ir pra Holanda para fazer sucesso, nunca pifou um instrumento do João, já sinto que o Agenor faria qualquer coisa para trazer o Ludugero de volta, além de abrir o baú de saudades do Báu.
Nossa árvore de 160 anos ainda está bastante jovem, com mais de 350 mil frutos que atraem abelhas, beija-flores, mangangás e borboletas para polinizarem o mundo com seu néctar adocicado, sua copa cada vez mais verticalizada, sempre na companhia de nossa Senhora da Conceição, guardando os santos que é vital para manter a fé do povo. Do marco zero o broto cresceu e a árvore chamada Caruaru pede a proteção de seu fundador José Rodrigues... e Jesus.
Artigo publicado em maio de 2017, na edição especial dos 160 anos de Caruaru do extinto Jornal Extra de Pernambuco